Ícones da Moda: Elizabeth I (1533-1603), Rainha da Inglaterra

Ícones da Moda: Elizabeth I (1533-1603)

Retrato de 1588 de Isabel para comemorar a derrota da Invencível Armada, representada ao fundo. A mão da rainha está sobre um globo, simbolizando seu poder internacional

Biografia

Isabel I ou Elizabeth I, também chamada de "A Rainha Virgem", "Gloriana" ou "Boa Rainha Bess" ("Bess" era como Roberto Durdley, seu favorito, a chamava) foi Rainha da Inglaterra e Irlanda de 1558 até sua morte e a quinta e última monarca da Casa de Tudor. Como filha do rei Henrique VIII, Isabel nasceu dentro da linha de sucessão; entretanto, a sua mãe Ana Bolena foi executada dois anos e meio após seu nascimento e o casamento dos seus pais foi anulado. Isabel assim foi declarada ilegítima.

O seu meio-irmão Eduardo VI sucedeu a D. Henrique e reinou até morrer em 1553. Antes da sua morte, Eduardo nomeou Joana Grey como rainha, excluindo da sucessão as suas meias-irmãs Isabel e a católica Maria I, apesar da existência de um estatuto declarando o contrário. Porém, o seu testamento acabou anulado e Maria tornou-se rainha, tendo Joana sido executada. Isabel foi também feita prisioneira, durante o cerca de um ano em que durou o reinado de Maria, por suspeitas de apoiar os rebeldes protestantes.

Isabel sucedeu a Maria em 1558 e passou a reinar com um conselho. A rainha passou a depender muito de um grupo de conselheiros de confiança liderados por Guilherme Cecil, Barão Burghley. Uma das suas primeiras ações como rainha foi o estabelecimento de uma igreja protestante inglesa, da qual tornou-se sua Governadora Suprema. A Resolução Religiosa Isabelina mais tarde desenvolveu-se na atual Igreja Anglicana. Era também esperado que ela se casasse e gerasse um herdeiro para continuar a linhagem da Casa de Tudor, porém, nunca se casou apesar de ter tido vários pretendentes. Isabel ficou famosa pela sua castidade enquanto envelhecia. Um culto cresceu ao seu redor tendo sido celebrada em pinturas, desfiles e obras literárias.

A governação de Isabel foi mais moderada do que a do pai e a dos meio-irmãos. Um de seus lemas era video et taceo ("Vejo e digo nada"). Era relativamente tolerante em questões religiosas, evitando perseguições sistemáticas. Depois de 1570, quando o Papa a declarou ilegítima e permitiu aos seus súditos que deixassem de lhe obedecê-la, várias conspirações ameaçaram a sua vida. Todos os planos foram derrotados com a ajuda dos serviços secretos dos seus ministros. Isabel era cautelosa em assuntos estrangeiros, movimentando-se entre as grandes potências da França e Espanha. Apoiou, sem entusiasmo, várias campanhas militares ineficazes e mal equipadas nos Países Baixos do Sul, na França e Irlanda. Porém, por volta da década de 1580, uma guerra contra Espanha tornou-se inevitável. Quando os espanhóis finalmente decidiram em 1588 tentar conquistar a Inglaterra, o fracasso da Armada Invencível associou Isabel a uma das maiores vitórias militares da história inglesa.

O reinado ficou para sempre conhecido como o Período Isabelino, famoso acima de tudo pelo florescimento do drama inglês, liderado por dramaturgos como William Shakespeare e Christopher Marlowe, além das proezas marítimas dos aventureiros ingleses como Sir Francis Drake. Alguns historiadores são mais contidos nas sua avaliações a Isabel. Eles representam-na como uma governante temperamental, às vezes indecisa e que teve muita sorte. Uma série de problemas económicos e militares diminuíram a sua popularidade ao final de seu reinado. Isabel é reconhecida como uma intérprete carismática e uma sobrevivente obstinada num período em que o governo era uma instituição desorganizada e limitada, e monarcas de países vizinhos enfrentavam problemas internos que ameaçavam seus tronos. Assim foi o caso da rival Maria da Escócia, que foi presa por Isabel em 1568, e acabou por ser executada em 1587. Depois dos curtos reinados de Eduardo VI e Maria I,deu estabilidade ao reino e ajudou a criar um sentimento de identidade nacional.


Início de vida
Isabel Tudor nasceu no Palácio de Placentia, Greenwich, em 7 de setembro de 1533, sendo nomeada em homenagem a suas avós: Isabel de Iorque e Isabel Howard. Era a segunda filha do rei Henrique VIII de Inglaterra a sobreviver a infância. Sua mãe era Ana Bolena, a segunda esposa de Henrique. Ao nascer, Isabel era a herdeira presuntiva do trono inglês. Sua meia-irmã mais velha, Maria, havia perdido sua posição como legítima quando o rei anulou seu casamento com sua mãe, Catarina de Aragão, para se casar com Ana e ter um herdeiro homem a fim de garantir a sobrevivência da dinastia da Casa de Tudor. Ela foi batizada em 10 de setembro por Tomás Cranmer, Arcebispo da Cantuária; seus padrinhos foram Henrique Courtenay, 1º Marquês de Exeter; Isabel Howard, Duquesa de Norfolk; e Margarida Wotton, Viúva Marquesa de Dorset. Sua mãe foi executada por acusações de adultério, incesto e alta traição em 19 de maio de 1536, quando Isabel tinha apenas dois anos e oito meses. Ela foi declarada ilegítima e privada de seu lugar na sucessão real. Onze dias após a execução de Ana Bolena, Henrique se casou com Joana Seymour, porém ela acabou morrendo de complicações pós-parto depois de dar à luz em 1537 ao príncipe Eduardo. Desde seu nascimento, Eduardo era o herdeiro aparente incontestável do trono. Isabel carregou o pano batismal em seu batizado.

Reinado de Maria l
Eduardo VI morreu em 6 de julho de 1553 aos quinze anos de idade. Seu testamento colocava de lado o Terceiro Ato de Sucessão e excluía tanto Maria quanto Isabel da sucessão, declarando como herdeira, ao invés disso, Joana Grey, neta de Maria, Duquesa de Suffolk, irmã de Henrique VIII. Joana foi proclamada rainha pelo Conselho Privado, porém ela logo perdeu o apoio e foi deposta em nove dias. Maria entrou triunfantemente em Londres com Isabel ao seu lado.[32][nota 2]

As demonstrações de solidariedade entre as irmãs duraram pouco. A católica devota Maria, estava determinada em esmagar a fé protestante em que Isabel havia sido educada, ordenando que todos comparecessem às missas católicas; Isabel tinha que obedecer. A popularidade inicial de Maria logo desapareceu em 1554, quando anunciou planos para se casar com o espanhol Filipe, Príncipe das Astúrias, um católico e filho do imperador Carlos V. O descontentamento rapidamente cresceu pelo país e muitos olhavam para Isabel como o centro da oposição religiosa.

A Rebelião de Wyatt estourou entre janeiro e fevereiro de 1554, porém foi logo suprimida. Isabel foi levada à corte e interrogada sobre seu papel, sendo aprisionada em 18 de março, na Torre de Londres. Ela fervorosamente declarou sua inocência. Apesar de ser improvável que ela tenha tramado junto aos rebeldes, sabe-se que alguns deles a abordaram. Simão Renard, embaixador de Carlos e confidente próximo de Maria, afirmou que o trono dela nunca estaria seguro enquanto Isabel vivesse, com o chanceler Estêvão Gardiner trabalhando para colocá-la sob julgamento. Os apoiadores de Isabel dentro do governo, incluindo Guilherme Paget, 1.º Barão Paget, convenceram a rainha a poupar sua irmã na falta de evidências conclusivas. Ao invés disso, Isabel foi levada da Torre a Woodstock, passando quase um ano em prisão domiciliar sob a supervisão de sir Henrique Bedingfeld. Multidões a aclamaram no caminho.

Isabel foi chamada de volta à corte em 17 de abril de 1555 para comparecer aos estágios finais da aparente gravidez de Maria. Se a irmã e o filho morressem, Isabel tornaria-se rainha. Por outro lado, se Maria desse à luz uma criança saudável, suas chances de ascender ao trono muito diminuiriam. Quando ficou claro que Maria não estava grávida, ninguém mais acreditava que ela seria capaz de produzir um herdeiro. Assim, a sucessão de Isabel parecia garantida.

Filipe ascendeu ao trono espanhol em 1556 como Filipe II, reconhecendo a nova realidade política e cultivando sua cunhada. Ela era uma melhor aliada que a principal alternativa, a rainha Maria da Escócia, que havia crescido na França e estava prometida a Francisco, Delfim da França. Quando Maria adoeceu em 1558, ele enviou Gómez Suárez de Figueroa e Córdoba, 1.º Duque de Feria, para consultar com Isabel. A entrevista ocorreu na Casa Hatfield, onde tinha voltado a viver em outubro de 1555. Ela já estava fazendo planos para seu governo por volta de outubro de 1558. A rainha acabou reconhecendo a meia-irmã como sua herdeira em 6 de novembro. Maria morreu em 17 de novembro de 1558 e Isabel ascendeu ao trono.

Isabel em trajes de coroação

Vida amorosa
Ficou evidente no verão de 1559 que Isabel apaixonara-se por Roberto Dudley, seu amigo de infância. Disse-se que sua esposa Amy Robsart sofria de uma "doença em um de seus seios", e que a rainha gostaria de se casar com Dudley se ela morresse. Vários pretendentes competiram pela mão de Isabel no outono do mesmo ano; seus impacientes interessados envolveram-se em conversas cada vez mais escandalosas e relataram que o casamento com seu favorito não era bem visto na Inglaterra: "Não há homem que não clama com indignação sobre ele e ela… ela não se casará com ninguém exceto seu favorito Roberto". Robsart morreu em setembro de 1560 ao cair de uma escada e, apesar do inquérito legista concluir por um acidente, muitos suspeitavam que Dudley arranjara a morte da esposa para poder se casar com Isabel. A rainha considerou seriamente por algum tempo se casar com Dudley. Porém, Guilherme Cecil, Nicolau Throckmorton e outros pariatos conservadores, deixaram claro sua desaprovação. Houve rumores também que a nobreza iria se revoltar caso o casamento ocorresse. Roberto foi considerado como um possível candidato entre outros pretendentes para a rainha por quase uma década. Isabel tinha muito ciúmes, mesmo depois de não mais pretender casar-se com ele. Ela lhe criou o título de Conde de Leicester em 1564. Dudley finalmente se casou outra vez em 1578 e a rainha respondeu com repetidas cenas de descontentamento e um ódio vitalício contra sua nova esposa, Letícia Knollys. Dudley mesmo assim "permaneceu no centro da vida emocional" de Isabel. Ele morreu pouco depois da derrota da Invencível Armada. Foi encontrada uma carta dele entre os pertences pessoais de Isabel após a morte da rainha, marcada como "sua última carta" com a letra dela.

As negociações de casamento eram parte de um importante elemento da política internacional de Isabel. Ela recusou a mão de Filipe II no início de 1559, porém contemplou por anos a proposta do rei Érico XIV da Suécia. Ela também negociou seriamente por muitos anos casar-se com o arquiduque Carlos II da Áustria, primo de Filipe. As relações com os Habsburgo deterioraram-se por volta de 1569, e a rainha considerou se casar com dois príncipes franceses de Valois, primeiro Henrique, Duque de Anjou, e mais tarde seu irmão Francisco, Duque de Anjou, entre 1572 e 1581. A última proposta estava ligada a uma possível aliança contra a Espanha pelo controle dos Países Baixos do Sul. Isabel parece ter considerado seriamente o cortejo por algum tempo, e usava um brinco em formato de sapo que Francisco havia lhe enviado.

Isabel disse a um enviado imperial em 1563: "Se eu seguir a inclinação de minha natureza, será esta: mulher pedinte e solteira ao invés de rainha e casada". Mais tarde no mesmo ano, depois dela contrair varíola, a questão da sucessão passou a ser muito debatida no parlamento. Eles imploraram para que a rainha se casasse ou nomeasse um herdeiro para impedir uma guerra civil após sua morte. Isabel recusou-se a fazer as duas coisas. Ela suspendeu o parlamento em abril, e não o reconvocou até precisar aumentar os impostos em 1566.

Algumas das principais figuras do governo começaram aceitar, em particular por volta de 1570, que Isabel nunca se casaria ou nomearia um herdeiro. Guilherme Cecil já estava procurando soluções para o problema de sucessão. Foi frequentemente acusada de irresponsabilidade por nunca ter casado. Entretanto, seu silêncio fortaleceu sua própria segurança política: Isabel sabia que estaria vulnerável a um golpe se nomeasse um herdeiro; lembrava como "uma segunda pessoa, como fui" fora foco de tramas contra sua predecessora.

O fato de Isabel não ter se casado inspirou um culto de virgindade. Era representada na poesia e literatura como uma virgem, uma deusa ou ambas, não como uma mulher normal. Apenas Isabel inicialmente fez de sua virgindade uma virtude: declarou na Câmara dos Comuns em 1559 que "No final, será para mim suficiente, que uma pedra de mármore deverá declarar que uma rainha, tendo reinado por um tempo, viveu e morreu virgem". Posteriormente, poetas e escritores adotaram o tema e o transformaram numa iconografia que exaltava a rainha. 

Isabel c. 1563. O mais antigo retrato de corpo inteiro da rainha feito antes do surgimento dos simbolismos representando a iconografia da "Rainha Virgem"

Maria da Escócia
A política inicial de Isabel com a Escócia foi a de se opor à presença francesa. Ela temia que os franceses planejassem invadir a Inglaterra e colocar no trono a rainha Maria da Escócia, considerada por muitos como herdeira da coroa inglesa. Isabel foi persuadida a enviar uma força para a Escócia ajudar os rebeldes protestantes; apesar da campanha ter sido inepta, o resultante Tratado de Edimburgo de julho de 1560 retirou a ameaça francesa no norte. A Escócia tinha uma estabelecida igreja protestante e um governo formado por um conselho de nobres protestantes apoiados por Isabel quando Maria voltou para o reino em 1561 para reassumir seu poder. Ela recusou-se a ratificar o tratado. Isabel propôs em 1563 que Roberto Dudley, seu próprio pretendente, se casasse com Maria, sem antes falar com nenhum dos dois envolvidos. Ambos não ficaram interessados e ela acabou se casando dois anos depois com Henrique Stuart, Lorde Darnley, que tinha sua própria reivindicação ao trono inglês. O casamento foi o primeiro de uma série de erros de julgamento que Maria cometeu e que acabaram dando a vitória para os protestantes escoceses e Isabel. Stuart rapidamente ficou impopular e depois infame por participar do assassinato de David Rizzio, secretário italiano de sua esposa. Ele mesmo acabou sendo morto em fevereiro de 1567 por conspiradores quase certamente liderados por Jaime Hepburn, 4.º Conde de Bothwell. Pouco tempo depois, em maio, Maria se casou com Hepburn e levantou suspeitas que havia participado do assassinato do marido. Isabel escreveu a ela:

“Como pôde fazer pior escolha para a sua honra do que na pressa que teve em casar-se com tal sujeito que, além de outros notórios defeitos, foi acusado em praça pública do assassinato do seu falecido marido, além de alguma culpa também lhe tocar, apesar de acreditarmos que essa parte seja falsa”

Esses evento rapidamente levaram a derrota de Maria e seu aprisionamento no Castelo de Lochleven. Os lordes escoceses forçaram sua abdicação em favor do filho Jaime, que havia nascido em junho de 1566. O novo rei foi levado ao Castelo de Stirling para ser criado como protestante. Maria escapou de Loch Leven em 1568, porém fugiu para a Inglaterra depois de uma nova derrota, onde haviam lhe garantido que teria apoio de Isabel. O primeiro instinto de Isabel foi de restaurar a outra monarca, entretanto ela e o conselho decidiram jogar seguro. Ao invés de arriscarem-se a levar Maria de volta a Escócia com um exército inglês ou enviá-la a França para seus inimigos católicos, foi decidido mantê-la na Inglaterra onde ficou aprisionada pelos dezenove anos seguintes.

Isabel c. 1580–1585

Últimos anos
O período após a derrota da Invencível Armada em 1588 trouxe novas dificuldades a Isabel que duraram pelos quinze últimos anos de seu reinado. Os conflitos com a Espanha e Irlanda se arrastaram, os impostos ficaram mais pesados e a economia foi atingida por colheitas ruins e os custos das guerras. Os preços subiram e a qualidade de vida caiu. A repressão contra os católicos se intensificou nessa época, com a rainha autorizando em 1591 comissões para monitorar e interrogar chefes de família católicos. Ela dependia cada vez mais de espiões internos e propaganda para manter a ilusão de paz e prosperidade. As críticas cada vez maiores refletiam o declínio da afeição pública por Isabel em seus últimos anos.

Uma das causas para esse "segundo reinado", como é as vezes chamado,foi a mudança da personalidade do Conselho Privado na década de 1590, o órgão de governo de Isabel. Havia uma nova geração no poder. Com a exceção de Guilherme Cecil, os políticos mais importantes do reino haviam morrido por volta de 1590: Dudley em 1588, Walsingham em 1590 e sir Cristóvão Hatton em 1591. Brigas entre facções no governo, que não existiram de forma notória antes de 1590, agora eram uma característica. Surgiu uma grande rivalidade entre Devereux e Roberto Cecil, filho de Guilherme, com a disputa pelas posições mais poderosas no reino interferindo na política. A autoridade pessoal da rainha estava diminuindo, como foi demonstrado em 1594 pelo caso do dr. Lopez, seu médico. Quando ele foi erroneamente acusado de traição por Devereux em uma disputa pessoal, Isabel não conseguiu impedir sua execução, mesmo tendo ficado brava por sua prisão e aparentando não ter acreditado que ele era culpado. Isabel passou a depender da concessão de monopólios durante os últimos anos de seu reinado; era um sistema de patronagem de custo zero ao invés de pedir ao parlamento mais subsídios em tempos de guerra. A prática logo levou à fixação de preços, o enriquecimento de cortesãos aos custos públicos e grande indignação. Isso culminou em 1601 com uma agitação na Câmara dos Comuns. 

Entretanto, esse mesmo período de incerteza política produziu um florescimento literário insuperável na Inglaterra. Os primeiros sinais de um novo movimento literário apareceram ao final da segunda década do reinado de Isabel, com Euphues de John Lyly e The Shepheardes Calender de Edmund Spenser em 1578. Alguns grandes nomes da literatura inglesa entraram em sua maturidade durante a década de 1590, incluindo William Shakespeare e Christopher Marlowe. O teatro inglês alcançou seu auge nesse período e no Período Jacobino que seguiu-se. A noção de um grande Período Isabelino depende muito dos construtores, dramaturgos, poetas e músicos que estavam em atividade no reinado de Isabel. Deviam pouco diretamente à rainha, que nunca foi uma grande patrona das artes.

A imagem de Isabel mudou gradualmente enquanto envelhecia. Ela foi retratada como Belphoebe e Astreia, e também como Gloriana, a eternamente jovem Rainha das Fadas do poema de Spenser, após a derrota da Invencível Armada. Seus retratos deixaram de ser realistas e passaram a ser um conjunto de ícones enigmáticos que a faziam parecer muito mais jovem que era. Na realidade, sua pele havia sido marcada e 1562 pela varíola, a deixando meia careca e dependente de perucas e cosméticos. Sir Valter Raleigh a chamou de "uma senhora cujo tempo ultrapassou". Entretanto, enquanto mais diminuía sua beleza, mais seus cortesãos a elogiavam.

Isabel c. 1592


Isabel c. 1595

A saúde da rainha permaneceu boa até o outono de 1602, quando uma série de mortes entre seus amigos a colocaram em uma grande depressão. A morte de Catherine Carey, Condessa de Nottingham e sobrinha de sua amiga Catarina Carey, em fevereiro de 1603 a atingiu severamente. Isabel adoeceu no mês seguinte e permaneceu em uma "melancolia assentada e irremovível". Isabel morreu no dia 24 de março de 1603 no Palácio de Richmond entre às 2h e 3h da madrugada. Cecil e o conselho colocaram seus planos em movimento algumas horas depois e proclamaram Jaime VI da Escócia como Jaime I da Inglaterra.

Legado e memória
Isabel foi lamentada por muitos de seus súditos, porém outros ficaram aliviados por sua morte. As expectativas para Jaime começaram altas porém caíram, então por volta da década de 1620 houve um reavivamento nostálgico do culto a Isabel. Ela foi louvada como uma heroína da causa protestante e governante de uma era de ouro. Jaime era representado como um simpatizante católico que presidia sobre uma corte corrupta. A imagem triunfalista que Isabel cultivou ao final de seu reinado, contra um fundo de dificuldades econômicas, faccionalistas e militares, foi tomada como se realidade fosse e sua reputação foi inflada. 

A imagem de Isabel retratada por seus admiradores protestantes no início do século XVII mostrou-se duradoura e influente. Sua memória também foi reavivada durante a Guerras Napoleônicas, quando a nação encontrou-se novamente a beira de uma invasão. Na Era Vitoriana, a lenda Isabelina foi adaptada para a ideologia imperial da época, e no meio do século XX ela era um símbolo romântico da resistência nacional contra uma ameaça estrangeira. Alguns historiadores do período como J. E. Neale e A. L. Rowse interpretaram seu reino como uma época de ouro do progresso. Neale e Rowse também idealizaram a rainha pessoalmente: ela sempre fez tudo corretamente; seus traços mais desagradáveis foram ignorados ou explicados como sinais de estresse.

Isabel c. 1600, uma representação alegórica da rainha, que tornou-se atemporal em sua velhice

Entretanto, historiadores recentes assumiram uma visão mais complicada de Isabel. Seu reinado é mais famoso pela derrota da Invencível Armada e por ataques bem sucedidos contra os espanhóis, como aqueles em Cádiz em 1587 e 1596, porém alguns historiadores salientam fracassos militares tanto em terra quanto no mar. As forças de Isabel acabaram prevalecendo na Irlanda, porém suas táticas sujaram o registro. Ela é mais frequentemente considerada como cautelosa em questões estrangeiras ao invés de uma corajosa defensora das nações protestantes contra a Espanha e os Habsburgo. Isabel ofereceu apenas apoio bem limitado a protestantes estrangeiros e não conseguiu prover fundos suficientes para seus comandantes fazerem a diferença internacionalmente.

Isabel estabeleceu uma igreja inglesa que ajudou a moldar uma identidade nacional que permanece até hoje. Aqueles que posteriormente a elogiaram como heroína protestante negligenciaram o fato dela ter se recusado a abandonar todas as práticas de origem católica na Igreja Anglicana. 

Apesar de Isabel ter seguido uma política internacional defensiva, seu reinado valorizou a Inglaterra no estrangeiro. "Ela é apenas uma mulher, apenas a senhora de meia ilha", afirmou o Papa Sisto V, "e mesmo assim se faz temida pela Espanha, pela França, pelo Império, por todos!" Sob Isabel, a nação ganhou uma nova auto-confiança e senso de soberania, uma cristandade fragmentada. A rainha foi a primeira Tudor a perceber que o monarca governa por consenso popular. Assim ela sempre trabalhou com o parlamento e conselheiros em quem confiava para lhe dizerem a verdade – uma forma de governo que seus sucessores Stuart falharam em seguir. Alguns historiadores a chamaram de sortuda. Isabel acreditava que Deus a estava protegendo. Orgulhando-se de ser "meramente inglesa", ela confiava em Deus, em conselhos honestos e no amor de seus súditos para governar.

Isabel após 1620, durante o primeiro reavivamento de interesse em seu reinado. Tempo dorme à sua direita e Morte olha sobre seu ombro esquerdo; 

O Guarda-Roupa da Rainha

A Rainha Elizabeth foi uma grande seguidora da moda. Enquanto na sua vida privada ela preferia usar vestidos simples, em público ela se vestia para impressionar. As roupas eram um importante símbolo de status para os elisabetanos, e uma pessoa tinha de se vestir de acordo com seu status social. Portanto, a rainha tinha de ter vestidos mais grandiosos do que todas as outras pessoas. Ninguém tinha permissão para rivalizar com a aparência da rainha, e uma dama de companhia acabou sendo repreendida por usar um vestido muito suntuoso para o seu status – as damas de companhia serviam para complementar a aparência da Rainha e não ofuscá-la.

Nos últimos anos do reinado, as damas usavam vestidos de clores claras, como branco ou prata, enquanto a rainha tinha vestidos de todas as cores, embora o preto e branco foram suas cores favoritas, pois simbolizavam sua virgindade e pureza. Os vestidos da rainha eram maravilhosamente bordados à mão com todos os tipos de fios coloridos, decorados com diamantes, rubis, safiras e todos outros tipos de jóias.

Suas vestes de coroação, de acordo com Herbert Norris em seu livro ‘Tudor Costume and Fashion’, ‘consistia em um vestido com uma causa longa de tecido de ouro revestido com uma variedade de tafetá branco e rodeado de arminho’. O arminho é comum entre as vestes de estado, e era usado às vezes em pó para deixar seu rosto mais branco. Embora Ana Bolena e sua filha gostassem da moda francesa, a rainha manteve um carinho pela moda espanhola por quase todo o seu reinado.

Suas vestes de coroação, de acordo com Herbert Norris em seu livro ‘Tudor Costume and Fashion’, ‘consistia em um vestido com uma causa longa de tecido de ouro revestido com uma variedade de tafetá branco e rodeado de arminho’. O arminho é comum entre as vestes de estado, e era usado às vezes em pó para deixar seu rosto mais branco. Embora Ana Bolena e sua filha gostassem da moda francesa, a rainha manteve um carinho pela moda espanhola por quase todo o seu reinado.

No dia de Ano Novo de cada ano, era costume para todos os ingleses trocarem presentes pessoais. Como o amor de roupas e jóias de Elizabeth se tornou conhecimento comum, eles se tornaram presentes de Ano Novo cada vez mais comuns: em 1 de janeiro de 1587, por exemplo, Elizabeth recebeu mais de 80 peças de joalheria. Elizabeth I por artista desconhecido, em 1585.A partir de um inventário elaborado por Blanche Perry em 1587, dama do dormitório de Elizabeth, sabe-se que a rainha tinha 628 peças de joalheria naquele momento.


Quando Elizabeth usava algum dos presentes ganhados, quem deu o presente era avisado e, em troca, ele ganhava o favor da rainha e confirmava sua devoção e lealdade. Cada indivíduo que desse um presente luxuoso para Elizabeth I ganhava um pedaço de prata (tipicamente em forma de copos, taças ou colheres). Por ter ganhado da própria rainha, o presente tinha um valor simbólico maior do que seu valor real. Estes presentes ajudavam com as despesas da manutenção do esplêndido guarda-roupa da rainha, assim como a prática de alterar as roupas com novas mangas ou corpetes. A enorme despesa do guarda-roupa de Elizabeth nos mostra que poucos vestidos originais sobreviveram – todos eram reciclados, reutilizados, dados como presente ou usados como pagamento por alguns serviços.
As contas detalhadas do guarda-roupa real detalham os tipos, quantidades e custos dos tecidos comprados, assim como quais fornecedores foram utilizados e quais roupas foram produzidas. Na sua morte, mais de 2.000 vestidos foram registrados no guarda-roupa de Elizabeth. Entretanto, de acordo com ‘Lace: A History’, de Santina Levey, em dinheiro atual, a Rainha Elizabeth I gastou em média £9535 por ano, durante os quatro últimos anos de seu reinado. James I gastou uma média de £36,377 por ano durante os seus primeiro cinco anos de reinado. Desse modo, Elizabeth teria gasto R$29.288,000 e James R$111.738,00; fazendo com que o sucessor Stuart da Dinastia Tudor tenha gasto mais com seu guarda-roupa do que a Rainha Elizabeth I.

Um outro livro de uma dama de companhia de Elizabeth, chamado ‘Wardrobe of Robes’ contém um inventário diário das roupas usadas por ela. O inventário detalha minuciosamente que as pérolas e pedras preciosas eram costuradas individualmente sobre os vestuários da rainha em ocasiões de Estado e, em seguida, eram cuidadosamente descosturados e colocados de volta na sua coleção de jóias. Se uma dela se perdesse, ela tinha de ser contabilizada e as responsáveis da casa real eram responsáveis de recuperá-la.

Como a mulher mais poderosa do país, Elizabeth definia o look da aristocracia. Muitas das mulheres da corte se esforçavam para imitar seu estilo, que evolui durante todo o seu reinado. A influência da rainha sobre a moda se estendia além das roupas femininas. No início de seu reinado, a moda masculina era a mesma de Henrique VIII e Eduardo VI, que favoreciam uma silhueta ampla, com várias camadas de tecido. Como o guarda-roupa de Elizabeth tornou-se mais opulento e elaborado, com uma silhueta mais definida, os homens passaram a usar espartilhos para lhes darem mais cintura.

Elizabeth tinha uma incrível capacidade de usar qualquer situação para o seu proveito político e sua imagem não foi exceção. Ela era muito consciente de sua aparência e sabia que ações e imagem, juntos, formam uma identidade que se tornaria símbolo na Inglaterra. Sua imagem foi cuidadosamente projetada para impressionar e  transmitir riqueza, autoridade e poder.

Disfarce real: O verdadeiro motivo pelo qual Elizabeth l usava muita maquiagem

Elizabeth I, uma das mais importantes monarcas da Inglaterra, tinha uma preocupação extrema com sua aparência e com a imagem que passaria aos seus súditos. Ela era conhecida por sempre vestir roupas coloridas, usar uma peruca vermelha e obrigar as outras funcionárias do palácio a apenas usar vestes de cores brancas ou pretas.

Uma marca da rainha nunca a abandonou: sua maquiagem totalmente branca. O motivo que a levou a criar um dos mais icônicos estilos de caracterização, que se tornou quase permanente no rosto de diversas nobres, na verdade, foi surpreendentemente triste. Não foi uma “escolha” artística da monarca: ela, de fato, queria esconder sua verdadeira face. Em 1562, aos 29 anos, Elizabeth foi acometida pelo que se pensava ser uma febre muito forte. Com o tempo, porém, ela começou a ficar cada vez pior, até que um médico finalmente deu o diagnóstico: se tratava da terrível varíola. Ela foi recomentada, então, a permanecer em descanso no Hampton Court Palace, em uma tentativa de recuperação. Sem cura nem ao menos tratamento, a doença era mortal e temida por todos, não menos pela realeza. A enfermidade não parecia querer deixar seu corpo e a rainha ficou à beira da morte. Começou-se até mesmo a pensar na questão da sucessão real, para definir quem assumiria o trono caso ela morresse. No entanto, isso foi deixado de lado, visto que Elizabeth, felizmente, começou a se recuperar. Ela sobreviveu à varíola, mas seu rosto deixava claro a situação terrível a qual tinha sido sujeita. As erupções cutâneas em sua face, que formavam pequenas bolhas e deixavam cicatrizes, se tornaram um constante lembrete da doença à monarca. Isso não a desconfigurou, mas deixou marcas permanentes.

A monarca decidiu, então, cobrir seu rosto para que os outros não pudessem ver as marcas da varíola. Como era obcecada por sua aparência frente aos seus súditos, desenvolveu uma maquiagem de aparência muito antinatural, que era obtida por meio de uma pesada mistura feita de chumbo branco e vinagre. A combinação era conhecida como “ceruse veneziano”, mas não era uma pintura comum. Na verdade, aquilo tinha o potencial de matar qualquer um que o usasse e acabou envenenando a rainha aos poucos, devido ao constante uso.

Segundo a autora Lisa Eldridge, em seu livro Face Paint: The Story of Makeup (2015), esse tipo de maquiagem já era utilizado na antiguidade. Ela lembra que arqueólogos encontraram vestígios de chumbo branco em muitos locais de enterro de mulheres de classes altas da Grécia Antiga. Além disso, acredita-se que a mistura também tenha sido utilizada na China, principalmente durante a antiga dinastia Shang, entre 1.600 e 1046 a.C. Mas fora o estrago a longo prazo, as moças que utilizavam da técnica podiam ver as consequências do uso assim que tirassem a cobertura branca do rosto. Elas deixavam a maquiagem no rosto durante muito tempo sem retirá-la: por pelo menos uma semana, elas não lavavam a face. Quando finalmente limpavam, encontravam a pele cinza e enrugada.

A verdade é que quase todos os utensílios de maquiagem daquela época tinham o potencial de envenenar quem os utilizasse. O limpador facial, por exemplo, era feito de água de rosas, mercúrio, mel e até cascas de ovos. Os pigmentos vermelhos usados por Elizabeth em seus lábios também continham metais pesados. A perseguição dessas mulheres por uma aparência ideal era levada ao extremo, sem levar em conta a possibilidade de morte apenas pela superficialidade. Embora o rosto branco expirasse à juventude e fertilidade, na prática, ele dava exatamente o contrário às moças.

Referencias Bibliográficas
https://boullan.wordpress.com/2015/09/12/o-guarda-roupa-da-rainha/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_I_de_Inglaterra

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-triste-verdade-por-tras-da-maquiagem-de-elizabeth-i.phtml#:~:text=Como%20era%20obcecada%20por%20sua,n%C3%A3o%20era%20uma%20pintura%20comum.

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