Moda na Idade Média Inicial – Anos 400 a 1200

Idade Média Inicial – Anos 400 a 1200 

A Era Medieval, foi um período da História Européia que durou do século IV ao século XV. 
Os historiadores atuais dividem a Idade Média em três partes: Idade Média Inicial (476-
1000), Alta Idade Média (1000-1300) e Idade Média Tardia (1300 – 1453). No século XIX, a
Idade Média inteira era comumente chamada de “Dark Ages”.

No ano 476, houve a queda do Império Romano, também  conhecida como Invasão dos Povos ou Invasão Bárbara (Godos, Ostrogodos, Visigodos, Vândalos, Vikings, Anglos, Eslavos, Hunos). Essa invasão durou aproximadamente entre os anos 300 e 900 na Europa. Esse período foi paralelo ao Império Bizantino (330 – 1453) que dominava o mar mediterrâneo, Marrocos, sul da península ibérica, sul da França, Itália bem como Egito e Oriente Próximo. 

Os historiadores contam com pinturas, manuscritos, iluminuras e túmulos para fazer as descrições das roupas medievais porque poucas vestes anteriores ao século 16 sobreviveram ao tempo. 

Nessa época houve a Cristianização dos povos europeus e a religião tinha uma relação estreita com o povo e a nobreza. E é justamente na indumentária religiosa, que conserva até hoje características medievais, que podemos ter ideia de como se vestiam estes povos. Os trajes dos Imperadores eram semelhantes aos trajes eclesiásticos. As roupas das pessoas da corte e do palácio eram definidas de acordo com o posto e função, eram roupas “hierárquicas”. 

Havia pouca diferença entre os estilos dos trajes usados pelas diversas nações do Ocidente. As cruzadas colocaram em contato todos os povos da Europa e trouxeram influências das civilizações orientais, levando tecidos e ornamentos finos trazidos do Egito, Índia e China através de caravanas da Ásia para Europa. 

A primeira Cruzada de sucesso, em 1099, trouxe novos tecidos e técnicas de construção do oriente para toda a Europa. Houve também, uma mistura da civilização teutônica com a civilização dos Impérios Romano e Bizantino, desenvolvendo-se um gosto acentuado por tecidos de cores vivas. O tratamento de peles foi aprimorado assim como as técnicas de tecelagem progrediram.

Povos Bárbaros

O termo "Bárbaro" surgiu pelos romanos, e era utilizado para se referir a uma pessoa tida como não-civilizada. Os homens usavam calças longas que eram presas às pernas abaixo dos joelhos, calções curtos, e por cima de tudo colocavam um manto de couro ou pele de animal, presos ao corpo por alfinetes ou broche, para terem uma maior proteção. 

Já o traje feminino era diferente. As mulheres usavam uma camisa de linho, e por cima uma túnica longa que era presa por cintos e broches. Por cima da túnica ainda usavam um xale preso por fivelas ou broches. 

Vestimenta masculina dos homens Bárbaros 

Nos pés, os bárbaros usavam sandálias ou sapatos fechados. Nos dias frios, tanto homens quanto mulheres usavam toucas nas cabeças para se protegerem. Com o tempo, a indumentária dos bárbaros foi influenciada pelo contato com os romanos e bizâncios, e passaram a usar adornos e peças coloridas. Os trajes começaram a ser mais sofisticados com o avanço da Idade Média. As barras de seda nas túnicas e os bordados (de fios de ouro, prata e seda) surgiram. 


Vestimenta bárbaros Foto: https://www.forbes.com/)

Bizâncio 

Devido às invasões bárbaras, houve o enfraquecimento de Roma, e assim a capital do Império foi deslocada para Bizâncio (capital: Constantinopla, hoje Istambul). Bizâncio foi fundada por colonos gregos da cidade de Mégara, em 658 a.C. A cidade recebeu o nome de seu rei, Bizas ou Bizante. 

O traje desse povo era muito ostensivo e luxuoso. Além disso, tinha uma característica diferente, que era a grande aproximação entre as roupas dos religiosos e dos civis. 

Apenas a família imperial tinha uso exclusivo dos tecidos mais exuberantes, que ainda contavam com ricos e detalhados bordados com fios de ouro, prata, pérolas e pedras preciosas. Também eram usados o algodão, o linho e a lã. 


https://fashionhistory.fitnyc.edu/byzantine/

Usavam roupas luxuosas. Os civis e os religiosos já não se diferenciavam tanto pelas vestimentas. O principal tecido da corte era a seda e houve uma “orientalização” que trouxe cores, joias e franjas para a moda. Os bordados com fios de ouro, com cenas bíblicas, animais ou vegetais eram comuns. Nas cores, predominavam o marrom, o vermelho e o ouro. O púrpura era reservado às pessoas que possuíam poder. A decoração bizantina conhecida como tablino (um quadrado incrustado de joias) era aplicada nas capas masculinas das classes altas. Os trajes tinham mangas longas com comprimento até o chão e as formas das peças eram amplas, escondendo o corpo. Um véu retangular cobria as cabeças das mulheres. Nos pés usavam sapatos de seda, com pedras e pérolas.

A indumentária trazia diversas inspirações, como romanas, persas, árabes e acabou influenciando os trajes da Europa. Havia uma grande ostentação de cores, que era usada pelos mais privilegiados materialmente e pelo casal imperial. 

O objetivo dos trajes era esconder o corpo, por isso as peças eram grandes. O traje básico era um manto que tinha muita influência do corte romano. O comprimento da túnica era maior, e o comprimento das mangas ia até a altura dos punhos. Nos ombros usavam fivelas ou broches decorados, para fixar a peça. Nos pés, os sapatos eram enfeitados com pedras e pérolas. Não havia muita diferença nas roupas entre homens e mulheres.

 Antiguidade e Idade Média havia um código de vestimenta e o uso de roupas era estritamente regulamentado para identificar a posição, a profissão e o sexo do usuário. A maior parte da informação que temos diz respeito às roupas da corte, pois as fontes escritas e figurativas eram geralmente encomendadas pela aristocracia e pela corte imperial. No entanto, alguns estudos tentaram focar também no vestuário não-elite, para oferecer uma ideia de que tipo de vestuário era usado pelas pessoas comuns.

Imagens do século VIII ao XII são uma boa fonte figurativa e permitem reconhecer as roupas e acessórios adotados pela corte bizantina (Ball). Durante o período medieval, tanto no Oriente como no Ocidente, a representação de uma pessoa era útil para comunicar seu status e, consequentemente, a roupa desempenhava um papel importante na sua definição. Essas fontes são muito importantes, mas deve-se ter cuidado em sua análise, pois às vezes as roupas retratadas podem não ter precisão 

A cor sempre desempenhou um papel importante na definição do status social, pois o processo de tingimento (ou branqueamento) era muito expansivo em termos de tempo e recursos. Quanto mais viva ou intensa a cor, mais precioso era o tecido, que se destinava à corte ou à família imperial. Especialmente o roxo era a cor imperial por excelência e sua produção, venda e uso eram regulamentados desde o império Teodósio (Carile). O roxo era uma secreção produzida por um murex.

A tentativa foi correlacionar o status social com a disponibilidade de recursos financeiros. O controle do sistema econômico representava o desejo de ordenar a sociedade por meio de uma hierarquia, onde a cor simbolizava a posição e a importância social do portador. O foco passou da disponibilidade financeira para um significado simbólico da cor que lembrava a sacralidade e a natureza divina do poder imperial, para legitimá-lo (Carile). Do ponto de vista mágico e simbólico, a cor púrpura também estava ligada ao sacrifício de Cristo e seu sangue (Carile). Por esta razão, o uso de tecidos tingidos de púrpura era estritamente proibido ao povo e apenas o imperador poderia usá-los, como mostra a nova disposição de Leão VI (Carile).

Foi neste século temos fontes principalmente figurativas como mosaicos, dípticos e miniaturas. Os conhecidos painéis imperiais de Ravena são a fonte mais rica e detalhada da moda bizantina para o início do período medieval.

O painel Justiniano é ladeado por aquele em que sua esposa é retratada como imperatriz (Fig. 7). O aspecto mais interessante da roupa de Theodora é que ela usava uma roupa geralmente destinada aos homens: as chlamys. Era a vestimenta mais significativa do vestuário militar e mais tarde foi adotada como expressão do poder imperial, de modo que a anomalia no traje de Teodora pode ser facilmente explicada pelo fato de ela ser imperatriz e esposa do imperador Justiniano (Ball). A fíbula de Teodora tem pedras e pérolas como a de Justiniano, mas é do tipo besta. Sua coroa é mais elaborada, com fileiras de pérolas, configurações retangulares e ovais alternadas com incrustações verdes e vermelhas e ela usa também um colar de jóias decorado com pérolas (Stoltz). Mas Theodora não é a única mulher que foi retratada vestindo uma chlamys, já que no século anterior a imperatriz Ariadne (474-515) foi retratada em dípticos agora em Florença e Viena usando esta vestimenta militar. Nesses dípticos fica mais evidente a intenção de representá-la como detentora do poder, pois, como os imperadores, ela segura nas mãos o cetro e o orbe imperial.

Artista desconhecido. Theodora Mosaic , 549. Mosaic. Ravena: Basílica San Vitale. Fonte: Wikimedia Commons

O chlamys mais comum era um manto semicircular na altura do quadril, limitado a partir do século IV a soldados, oficiais em mudança de funções civis. As capas dos altos oficiais militares eram mais longas, na altura dos tornozelos e eram adornadas na frente e nas costas com painéis bordados quadrados chamados tablion. A capa era presa por um broche que poderia ser uma fíbula de besta ou uma fíbula de disco.

O traje comum de uma mulher aristocrática é atestado apenas no anterior Díptico de Estilicão (400), onde sua esposa Serena é retratada. Em seu retrato, ela usava duas túnicas: uma túnica interna com mangas compridas e justas e uma túnica mais larga sobre a qual um cinto de joias foi preso. Esta moda imita a dos homens do século IV. Seu manto é chamado de palla, um pano retangular que poderia ser usado para cobrir a cabeça

Artista desconhecido (romano). Díptico de Stilicho , cópia do original do século V EC. Molde de gesso. Cambridge: Museu de Arte de Harvard, BR22.92. arvard Art Museums/Busch-Reisinger Museum, Museu Compra. Fonte: Wikimedia

A distinção de gênero também se fazia através da maior riqueza da coroa ou cocar e das joias. A partir do século IV, as mulheres passaram a usar vistosos cocares embelezados com faixas de ouro com pedras preciosas ou pérolas. Entre os séculos IV e V, os cabelos eram separados ao meio, às vezes divididos em duas tranças, e reunidos no pescoço. No segundo tipo de penteado as duas tranças circundam a cabeça e podem ser decoradas com pérolas como uma coroa. Esses penteados são encontrados em esculturas desse período, bem como em representações de mulheres em afrescos e miniaturas (Emmanuel; Baldini Lippolis).

Foto1: Retrato de Aelia Flacilla , 4º quartel do século IV. Mármore. Paris: Cabinet des Médailles, Foto2:Retrato da Imperatriz Teodora , século V. Milão: Museo del Castello Sforzesco. Foto3:  Retrato de uma Imperatriz , ca. 490-510. Paris: Museu do Louvre. 



















Europa Feudal 

O feudalismo foi um modo de organização social e político, que iniciou a partir das invasões germânicas (bárbaras) ao Império Romano do Ocidente (Europa). Em relação ao Império Bizantino, era nítida a diferença em luxo e ostentação na indumentária. 
A diferença dos trajes dos mais e menos favorecidos estava nos tecidos utilizados e nos detalhes e acessórios. Já os cortes eram praticamente iguais. Lã e linho eram usados, e a seda era nobre. Os mais afortunados usavam roupas com cores variadas, e as roupas para cerimônias eram inspiradas em Bizâncio. Já os camponeses utilizavam roupas com cores sóbrias e discretas. 

Uma peça muito usada por homens na época foi a túnica. A túnica dos menos ricos era na altura dos joelhos, e a dos mais ricos na altura da panturrilha, e eram presas ao corpo por um cinto. 
 Por cima dos trajes usavam uma capa semicircular presa ao ombro por um broche, e ainda era forrada de pele para os dias frios. Por baixo das túnicas os homens usavam calções, que quando compridos, eram presos por tiras de tecido na perna. As mulheres também usavam túnicas, com ou sem mangas, vestidas pela cabeça, que eram presas na cintura por cintos, e presas nos ombros por broches. Usavam um lenço sobre os ombros, e também um longo manto (que podia chegar ao comprimento da túnica). 
Tanto para as mulheres, quanto para os homens, os cabelos eram longos. As mulheres geralmente prendiam os cabelos.  Nos pés, homens e mulheres usavam calçados de couro com tiras que podiam ser amarradas nas pernas. 

As Túnicas

Era uma roupa bastante simples feita com ou sem mangas e, geralmente no cumprimento do joelho ou até os tornozelos, presa por um cinto na cintura, e usada como uma roupa interior ou exterior por homens e mulheres da antiga Grécia e Roma. Os povos da Europa Ocidental adotavam o estilo das túnicas de Roma. A característica comum entre todos os povos que viviam nessa época era o fato dessas roupas serem confeccionadas em casa, evoluindo das túnicas merovíngias (de comprimento até os joelhos, bordadas nas pontas e amarradas por cintos). 

Os tecidos eram feitos à mão pelas mulheres camponesas, que os trocavam ou vendiam. Eram tingidos de forma natural, rústicos e não muito confortáveis. O linho era usado para roupas de baixo porque era facilmente lavável e mais confortável do que a lã. Os mais abastados usavam lá de arminho e esquilo; coelho e carneiro para os mais pobres. Vermelho era a cor favorita dos nobres nesse período. O tecido roxo era reservado para os extremamente ricos, como o Rei e o Papa, pois a fórmula para a tintura era um segredo Bizantino muito bem guardado, apenas uma família sabia como produzir a cor e somente uma pequena quantidade foi exportada a cada ano. 
Em 300 a 1450 a roupa básica dos homens medievais era a túnica. Uma túnica neste momento poderia ser “curta, terminando abaixo do joelho ou prolongando o chão”. As túnicas podiam ser usadas com ou sem mangas. Suas barras podiam ser adornadas com motivos decorativos quadrados ou redondos. Depois do ano 1000 as silhuetas mudaram e a túnica tornou-se mais “ajustada ao corpo”. Túnicas descreviam o nível de status. Nos séculos posteriores, as túnicas completas eram tipicamente usadas nas cortes por oficiais e imperadores. Já as túnicas curtas denotavam menos status. Não só o tamanho da túnica retrata o nível social, como também suas decorações. Pessoas de alta classe e riqueza tinham barras bordadas com padrões elaborados e apliques de pedras preciosas, além de usarem túnicas de tecidos igualmente preciosos. 

As roupas da Europa Ocidental parecem ter consistido da uma túnica em linho de mangas compridas, capas meio círculo e calças. Não há evidências de que as mulheres usavam roupas íntimas durante a Idade Média, mas os homens podiam usar um tecido dobrado que formava uma espécie de tanga. A roupa dos camponeses era básica, prática e não decorada. 

Os homens ocidentais são mais freqüentemente descritos com túnica de comprimento variável com cinto e mangas até o punho. Também podiam usar capuz, xales ou mantos para proteger as costas. Usavam também meias (chausses) de vários comprimentos que eram duas peças presas por um cinto embaixo da túnica ou calções (braies) que eram calças que iam até os tornozelos presas no quadril por um cordão. Nos pés, usavam um tipo de calçado de couro que chegava até a barriga da perna ou um modelo usado também por mulheres que exibia um requintado trabalho em couro com tiras que se cruzavam na perna. 

Já a túnica das mulheres ia do pescoço aos tornozelos, por baixo usavam uma camisa de linho de decote baixo e mangas curtas. As túnicas eram fechadas com broches, fitas, cintos e fivelas de ouro e prata cravejados de pedras preciosas coloridas.  
Havia também uma sobreveste mais pesadamente bordada, de forma semelhante à do estilo bizantino. E para os tempos frios, usavam-se tecidos grossos como a lã que era forte, durável e não estragava facilmente. Durante o início da Idade Média, a riqueza era mostrada com jóias. O broche usado para segurar o manto era um dos principais itens de decoração. Pedras preciosas, ouro, pérolas também podiam ser incorporados às roupas. 

O Manto 

O manto fechado era uma sobreveste, portanto era usado sobre a túnica, e fez parte da indumentária dos europeus ocidentais durante praticamente toda a Idade Média. Os mantos eram inicialmente extremamente simples: eles consistiam em um grande pano de tecido que estava enrolado nos ombros e preso às vezes por um broche. Tanto homens como mulheres podiam usar manto. A simplicidade do manto tornou muito adaptável. Pessoas pobres e ricas podiam usar mantos. As pessoas pobres tinham mantos de tecido  simples. As pessoas ricas desta época usariam mantos feitos de seda e outros tecidos preciosos, adornados com peles como o arminho e presos com broches de jóias. 

Os mantos usados na Idade Média Inicial foram adaptados dos trajes greco-romanos. Na antiguidade eles eram chamados de chlaina, diplax e chlamys. Havia também outro tipo de manto e este era o manto aberto. Este tipo de manto era um único pedaço de tecido que estava preso a um ombro. Estes eram o mais simples dos tipos de manto. À medida que o tempo avançava, os mantos mudavam de peças quadradas para semicirculares. 

O Pallium  

O Pallium era uma espécie de lenço ou cachecol longo e estreito. Este lenço costumava ser muito bem adornado e ter muitas bandas e dobras. Provavelmente evoluiu a partir da toga. Um pálio sempre foi usado pelo imperador. Era principalmente usado pela realeza porque era um sinal de poder. Na sua forma original, esta roupa ficava enrolado em torno dos ombros e da frente do corpo. Parte da peça era sobreposta em um dos braços. 

Esta roupa evoluiu como muitas outras peças de ve
stuário desta época. À medida que evoluía, mais pessoas comuns podiam usar a roupa, porque tornou-se mais simples. O vestuário evoluiu para um simples corte de tecido com uma abertura para a cabeça. Este pedaço de tecido às vezes tinha um colar redondo ao redor da abertura da cabeça. Esta peça com toda a sua ornamentação permanece até os dias de hoje nos trajes eclesiásticos tradicionais.

A Bolsa 

As Cruzadas deram origem ao uso da bolsa, que na verdade era um tipo de bolso suspenso ao cinto por uma corda de seda ou algodão, ou às vezes por uma corrente de metal.Em geral, nenhuma alteração importante foi feita na Indumentária Medieval antes do final do século XI. 

O Cabelo

Os cabelos eram longos, divididos ou meio ou trançados. Algumas mulheres também podiam esconder todo o cabelo com um gorro que se estendia até o pescoço, do tipo que vemos sendo usado por freiras. Também havia uma faixa de linho chamada Barbette que passava sob o queixo e as têmporas. E o gorjal, de linho ou seda que cobria o pescoço e parte do colo, sendo às vezes colocado por dentro do decote do vestido.  O capuz, antes parte da capa, tornou-se uma peça separada que descia até os ombros. Na cabeça, toucas de linho cobrindo as orelhas ou chapéu Frígio.


Masculino x Feminino 

Durante os séculos XI e XII acontece uma série de mudanças sociais, políticas e econômicas na Europa Ocidental. Entre elas, destaca-se o renascimento das cidades e do comércio, bem como um aumento populacional. A primeira característica marcante é bifurcação da indumentária, isto é, a diferenciação das roupas masculinas e femininas. O vestuário passa a ter um caráter ornamental e estético, e não mais apenas a preocupação utilitária. 

Nesta época, a construção das roupas melhorou, deixou de ser quadrada para ser modelada ao corpo. Suntuosos tecidos como seda, veludos e cetim, foram levados à Europa pelos cruzados junto com técnicas avançadas de tecelagem.  Neste mesmo século, por volta de 1130 surge o corpete do vestido – para as classes altas – era moldado justo até os quadris e os vestidos tornam-se mais acinturados presos com uma amarração nas costas, com pequenos decotes e ornamentados com jóias em ouro na cintura e saia ampla caindo até os pés, às vezes formando uma cauda. A sobreposição dos vestidos era comum, usando-se um vestido longo bem ajustado ao corpo por baixo, com mangas compridas e por cima outro vestido que poderia ser um pouco mais curto com mangas longas e caídas. Barrado e bordado enfeitavam as pontas dos vestidos. 
 

Vestuário básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e mantos, além de chapéus com formas as mais variadas (imitando a agulha de uma torre, borboletas, toucas com longas tiras) e exagerados (em alguns locais foi preciso alterar a entrada  das casas para que as damas e seus chapéus pudessem passar). Na época, cabelos presos identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos soltos. As cores mais usadas pelas mulheres eram o azul real, o bordô e o verde escuro. As mangas e as saias dos vestidos eram bufantes e compridas. As mais ricas usavam acessórios, como leques e joias. Para os homens, o vestuário se compunha de meias longas, até a cintura, culotes, gibão (uma espécie de jaqueta curta), chapéus de diversos tamanhos e sapatos de pontas longas. 

Os tecidos variavam de acordo com a condição social dos cavaleiros, o clima, a ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo, usavam ricas vestimentas, confeccionadas com tecidos orientais, sedas, lã penteada e veludo. E festa é o que não faltava, o ano inteiro, nas feiras e nas datas religiosas e profanas da Europa Medieval. Tanto nos castelos quanto nas vilas, aldeias e cidades, em tempos de fartura, tudo era motivo para comer, beber e dançar, com fantasias, máscaras, procissões, muita alegria e até certos excessos. Os camponeses, apesar do sofrimento e a da penúria, gostavam de festas, danças e músicas. Várias danças folclóricas europeias originam-se de festas e danças populares medievais. 

Resumo

Os povos da Europa Ocidental adotavam o estilo das túnicas de Roma. A característica comum entre todos os povos que viviam nessa época era o fato dessas roupas serem confeccionadas em casa, evoluindo das túnicas merovíngias (de comprimento até os joelhos, bordadas nas pontas e amarradas por cintos). Os tecidos eram feitos à mão pelas mulheres camponesas, que os trocavam ou vendiam. Eram tingidos de forma natural, rústicos e não muito confortáveis. O linho era usado para roupas de baixo porque era facilmente lavável e mais confortável do que a lã. Os mais abastados usavam lá de arminho e esquilo; coelho e carneiro para os mais pobres. Vermelho era a cor favorita dos nobres nesse período. O tecido roxo era reservado para os extremamente ricos, como o Rei e o Papa, pois a fórmula para a tintura era um segredo Bizantino muito bem guardado, apenas uma família sabia como produzir a cor e somente uma pequena quantidade foi exportada a cada ano.

As roupas da Europa Ocidental parecem ter consistido da uma túnica em linho de mangas compridas, capas meio círculo e calças. Não há evidências de que as mulheres usavam roupas íntimas durante a Idade Média, mas os homens podiam usar um tecido dobrado que formava uma espécie de tanga. As roupas dos camponeses era básica, prática e não decorada. 

Os homens ocidentais são mais frequentemente descritos com túnica de comprimento variável com cinto e mangas até o punho. Também podiam usar capuz, xales ou mantos para proteger as costas. Usavam também meias (chausses) de vários comprimentos que eram duas peças presas por um cinto embaixo da túnica ou calções (braies) que eram calças que iam até os tornozelos presas no quadril por um cordão. Nos pés, usavam um tipo de calçado de couro que chegava até a barriga da perna ou um modelo usado também por mulheres que exibia um requintado trabalho em couro com tiras que se cruzavam na perna.

Já a túnica das mulheres ia do pescoço aos tornozelos, por baixo usavam uma camisa de linho de decote baixo e mangas curtas. As túnicas eram fechadas com broches, fitas, cintos e fivelas de ouro e prata cravejados de pedras preciosas coloridas.  Havia também uma sobreveste mais pesadamente bordada, de forma semelhante à do estilo bizantino. E para os tempos frios, usavam-se tecidos grossos como a lã que era forte, durável e não estragava facilmente.

Durante a Idade das Trevas, a riqueza era mostrada com jóias. O broche usado para segurar o manto era um dos principais itens de decoração. Pedras preciosas, ouro, pérolas também podiam ser incorporados às roupas. Desde os tempos primitivos tinha-se um grande cuidado com os cabelos, conforme a descoberta de navalhas, pentes e tesouras. As mulheres cobriam os cabelos após o casamento com um véu. O véu é um acessório muçulmano trazido ao Ocidente através das cruzadas. O véu passou a ser um sinal de castidade cristã, a moda durou toda a Idade Média.
 As jovens solteiras usavam duas tranças de cada lado da cabeça ou os cabelos soltos e as casadas usavamno preso para cima com auxilio de pentes e grampos. Uma das práticas favoritas era tingir o cabelo de vermelho vivo. Os franco germanicos enfeitavam os cabelos com fitas ou fios de ouro. Os homens teutões usavam o cabelo preso do lado direito da cabeça com as pontas enrigecidas como chifres. Já  os saxões usavam o cabelo curto, cacheado e uma barba curta e os escandinavos usavam cabelos compridos. Durante boa parte da história ocidental, a pele pálida foi indicadora de riqueza, já que os camponeses trabalhavam embaixo de sol e adquiriam uma pele mais bronzeada. 

Durante os séculos XI e XII acontece uma série de mudanças sociais, políticas e econômicas na Europa Ocidental. Entre elas, destaca-se o renascimento das cidades e do comércio, bem como um aumento populacional. A primeira característica marcante é bifurcação da indumentária, isto é, a diferenciação das roupas masculinas e femininas. O vestuário passa a ter um caráter ornamental e estético, e não mais apenas a preocupação utilitária. Nesta época, a construção das roupas melhorou, deixou de ser quadrada para ser modelada ao corpo. Suntuosos tecidos como seda, veludos e cetim, foram levados à Europa pelos cruzados junto com técnicas avançadas de tecelagem. 

Tunics with hanging sleeves

Neste mesmo século, por volta de 1130 surge o corpete do vestido – para as classes altas – era moldado justo até os quadris e os vestidos tornam-se mais acinturados presos com uma amarração nas costas, com pequenos decotes e ornamentados com jóias em ouro na cintura e saia ampla caindo até os pés, às vezes formando uma cauda. A sobreposição dos vestidos era comum, usando-se um vestido longo bem ajustado ao corpo por baixo, com mangas justas e compridas e por cima outro vestido que poderia ser um pouco mais curto com mangas longas e caídas. Barrado e bordado enfeitavam as pontas dos vestidos.

Durante esse período, historicamente houveram muitos anos de fome, expedições cruzadas, nascimento e morte de Reinos, proibição de cultos pagãos, os primeiros hereges foram queimados, o surgimento dos Feudos, a Ordem dos Templários, arquitetura Românica podia ser vista na construção da Torre de Pisa e na Catedral de Santiago de Compostela e as primeiras catedrais de arquitetura gótica como a Catedral de Lyon, Notre Dame, Canterbury e Bamberg foram construídas.

Cappa or chaperon

Tunics

Ref. bibliográficas:
http://modahistorica.blogspot.com
https://eueminhaestupidez.blogspot.com
https://fashionhistory.fitnyc.edu
https://en.wikipedia.org/wiki/1200%E2%80%931300_in_European_fashion

Alguns textos foram adaptados e traduzidos para o português.

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